Como já referi, mandámos então o relatório da Dra.
Margarida Medina direitinho para Paris e ficámos na expectativa
da resposta.
Nesta altura e apesar de uma passagem de poucos dias em
casa para recompor forças, as coisas começaram a precipitar-se e
perante as evidências, a Dra. Margarida Medina marcou uma
reunião connosco, com a Dra. Ermelinda e com a Sissi.
Foi nesta altura que soubemos que o programa de
transplantação hepática pediátrica de Coimbra não se tinha
extinguido aquando da jubilação do Sr. Professor Linhares
Furtado. Tudo isto aconteceu muito repentinamente e a
informação foi-nos dada simultaneamente quer pelo Professor
Olivier através da Abiba, quer pela própria Dra. Margarida
Medina. A Dra. Margarida Medina, apesar de conhecer o Dr.
Emanuel e a Dra. Isabel, pensava que o programa de TRH estava
parado pelas razões já citadas!
O Prof. Olivier o que nos disse foi que deveríamos optar
por efectuar o TRH em Coimbra, pois os resultados eram
excelentes, ao nível do melhor que se fazia no mundo e ele
achava que o Dr. Emanuel era o cirurgião indicado para o fazer.
Na tal reunião, basicamente o que se disse foi tudo isto e
que para irmos para Paris ou Bruxelas necessitávamos de
200.000 euros (com o transplante a correr bem!) e um de nós
seria o dador-vivo. O ‘a correr bem’ significava que a
recuperação seria de três dias nos cuidados intensivos e em
oito/dez dias estaríamos de regresso a Portugal!
Nessa altura sentíamo-nos um pouco perdidos e não
sabíamos que fazer. A Dra. Margarida Medina e a Dra.
Ermelinda achavam que deveríamos ir a Coimbra conhecer a
equipa de Coimbra e só depois decidir…
O problema monetário também existia, mas esse
aparentemente ultrapassava-se, porque, várias pessoas
ofereceram-se para ajudar, nomeadamente a Sissi, o Joaquim
(dono da empresa entidade patronal da Lígia), a Ana Paula uma
colega, a minha Tia Rosa, ou seja, todas as contribuições deles e
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mais alguns bens que possuíamos aparentemente chegavam para
garantir o TRH!
Ilustração por Inês
Mas algo nos dizia que deveríamos ir a Coimbra e assim
o fizemos! Com os preparativos da ida e até pelo comportamento
dos profissionais do Stº António, fomo-nos apercebendo que essa
ida seria definitiva…
Nessa altura deveríamos estar a partir de férias para Ibiza.
Em vez disso e por ironia do destino, estávamos de malas e
bagagens, mas em direcção a Coimbra!
A Lígia e o Vitinho foram numa ambulância de manhã
muito cedo e eu apanhei-os na auto-estrada na zona entre
Estarreja e Aveiro. Esta viagem foi penosa e estranha e quando
chegámos a Coimbra, ao parque de estacionamento do
Pediátrico, tudo nos parecia sombrio e triste.
À nossa espera tínhamos a Dra. Isabel Gonçalves.
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