terça-feira, 15 de maio de 2012

Capítulo III (cont.)

Como já referi, mandámos então o relatório da Dra.

Margarida Medina direitinho para Paris e ficámos na expectativa

da resposta.

Nesta altura e apesar de uma passagem de poucos dias em

casa para recompor forças, as coisas começaram a precipitar-se e

perante as evidências, a Dra. Margarida Medina marcou uma

reunião connosco, com a Dra. Ermelinda e com a Sissi.

Foi nesta altura que soubemos que o programa de

transplantação hepática pediátrica de Coimbra não se tinha

extinguido aquando da jubilação do Sr. Professor Linhares

Furtado. Tudo isto aconteceu muito repentinamente e a

informação foi-nos dada simultaneamente quer pelo Professor

Olivier através da Abiba, quer pela própria Dra. Margarida

Medina. A Dra. Margarida Medina, apesar de conhecer o Dr.

Emanuel e a Dra. Isabel, pensava que o programa de TRH estava

parado pelas razões já citadas!

O Prof. Olivier o que nos disse foi que deveríamos optar

por efectuar o TRH em Coimbra, pois os resultados eram

excelentes, ao nível do melhor que se fazia no mundo e ele

achava que o Dr. Emanuel era o cirurgião indicado para o fazer.

Na tal reunião, basicamente o que se disse foi tudo isto e

que para irmos para Paris ou Bruxelas necessitávamos de

200.000 euros (com o transplante a correr bem!) e um de nós

seria o dador-vivo. O ‘a correr bem’ significava que a

recuperação seria de três dias nos cuidados intensivos e em

oito/dez dias estaríamos de regresso a Portugal!

Nessa altura sentíamo-nos um pouco perdidos e não

sabíamos que fazer. A Dra. Margarida Medina e a Dra.

Ermelinda achavam que deveríamos ir a Coimbra conhecer a

equipa de Coimbra e só depois decidir…

O problema monetário também existia, mas esse

aparentemente ultrapassava-se, porque, várias pessoas

ofereceram-se para ajudar, nomeadamente a Sissi, o Joaquim

(dono da empresa entidade patronal da Lígia), a Ana Paula uma

colega, a minha Tia Rosa, ou seja, todas as contribuições deles e

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mais alguns bens que possuíamos aparentemente chegavam para

garantir o TRH!


Ilustração por Inês

Mas algo nos dizia que deveríamos ir a Coimbra e assim

o fizemos! Com os preparativos da ida e até pelo comportamento

dos profissionais do Stº António, fomo-nos apercebendo que essa

ida seria definitiva…

Nessa altura deveríamos estar a partir de férias para Ibiza.

Em vez disso e por ironia do destino, estávamos de malas e

bagagens, mas em direcção a Coimbra!

A Lígia e o Vitinho foram numa ambulância de manhã

muito cedo e eu apanhei-os na auto-estrada na zona entre

Estarreja e Aveiro. Esta viagem foi penosa e estranha e quando

chegámos a Coimbra, ao parque de estacionamento do

Pediátrico, tudo nos parecia sombrio e triste.

À nossa espera tínhamos a Dra. Isabel Gonçalves.


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