segunda-feira, 14 de março de 2011

Moçambique e África do Sul

Este ano a viagem GENERALI é a Moçambique e ao Kruger Park. Partimos no dia 2 de Abril e regressaremos no dia 10.

Esta é a quarta ex: colónia que vou conhecer, depois de Angola, Cabo Verde e Goa!
Só ouço dizer maravilhas de Moçambique e sinceramente, não me passava pela cabeça participar num Safari!

As últimas viagens da Generali têm tido em comum destinos de grande intensidade turística, pois a grandiosidade da história, dos lugares e o clima sempre um pouco inóspito, tem-nos obrigado a alguns pequenos sacrifícios!!
Desta vez, em Moçambique o denominador comum vai ser… praia, praia e mais praia!

Pelo menos vai dar para descansar! Acho eu… pois costumam reservar-nos algumas surpresas!

sexta-feira, 4 de março de 2011

Hospital de Coimbra recua na oferta de genérico a crianças com transplantes de fígado

Por Graça Barbosa Ribeiro
Depois do alerta de pais de doentes e de médicos especialistas, a administração do CHC volta a disponibilizar o medicamento de marca

A administração do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC) assegurou ontem, através do gabinete de imprensa, que as crianças que receberam transplantes de fígado voltam, a partir de hoje, a ter acesso ao imunossupressor de marca na farmácia do Hospital Pediátrico. A informação, fornecida ao PÚBLICO, não foi acompanhada de qualquer explicação para o recuo, que se segue à denúncia feita por médicos que avisaram que substituição do medicamento pelo genérico estava a colocar em risco a saúde das crianças.

Em causa não estava apenas a circunstância de o genérico nunca ter sido testado em crianças ou em transplantados. Mas também o facto de aquele tipo de medicamento (genérico ou de marca) ter uma margem terapêutica muito estreita, ou seja, de a diferença entre a dose eficaz e a tóxica ser curta e diferente de pessoa para pessoa. O próprio Resumo das Características do Medicamento - que segundo o Infarmed "representa as condições e especificações em que o medicamento foi aprovado" - define, em relação ao medicamento original e ao genérico, os cuidados a ter: "Somente médicos com experiência na terapêutica imunossupressora e no controlo de doentes transplantados devem prescrever, bem como fazer alterações na terapêutica imunossupressora prescrita inicialmente (...). Alterações na formulação ou no regime posológico só podem ser feitas sob a apertada supervisão de um especialista em transplantação".

No CHC a decisão de substituir um medicamento pelo genérico foi tomada sem o conhecimento dos médicos que seguem as crianças, primeiro, e contra o seu parecer, depois. No início da semana, Margarida Castelão, dirigente da Associação Nacional das Crianças e Jovens Transplantados ou com Doenças Hepáticas, revelou que ouvira o director clínico do CHC afirmar que a decisão de substituir os medicamentos se devera à necessidade de cortar 15 por cento das despesas no orçamento da farmácia. E o ex-coordenador do Programa Pediátrico de Transplantação Hepática, Emanuel Furtado, considerou a troca "perigosa" e de "alto risco". Nessa altura, já a Ordem dos Médicos investigava as circunstâncias que rodearam a substituição do medicamento.
Esta questão terá sido resolvida antes da reunião que ontem juntou em Lisboa a ministra da Saúde, representantes dos dois centros hospitalares de Coimbra e Emanuel Furtado, o único cirurgião que faz transplantes hepáticos pediátricos em Portugal. O objectivo foi promover o início de conversações entre as partes, no sentido de chegarem a um acordo para a criação de condições para retomar aquele tipo de intervenção, que actualmente só é feito em situações de emergência.

Revista Visão

Ontem dei uma entrevista à TVI e também saiu uma pequena entrevista na Visão. A da TVI não deve ter dado em nada, pois não me apercebi de nada no jornal da noite e a da Visão está muito discreta, mas ... já nada disto interessa, pois segundo parece o melhor estará para vir logo pela manhã!

A confirmar-se o que nos disseram, a nós Hepaturix, as notícias serão realmente muito boas!

Vamos aguardar...

quarta-feira, 2 de março de 2011

COMUNICADO À IMPRENSA - HEPATURIX denuncia situações de enorme gravidade

Programa de Transplantação Hepática está suspenso.

O Dr Emanuel Furtado pediu a sua exoneração no início do mês de Dezembro. Há data da sua saída efectiva dos HUC, fim de Janeiro, foi elaborado um protocolo entre três entidades com o patrocínio da ARS ( HUC, CHC e IPO), em que se estabelecia a dispensa do Dr Emanuel do IPO ‐ onde iniciava funções de cirurgião‐, a disponibilidade dos HUC e do CHC para acolher o Dr Emanuel, e se formalizava até as condições e responsabilidade de remuneração, porém… sem o seu conhecimento, e assentimento!

Nos HUC o Dr Emanuel Furtado era também coordenador do programa de transplantes hepáticos pediátricos, no entanto este cargo formalmente, não existia. E, por isso mesmo, com todas as dificuldades que um cargo sem forma administrativa acarreta, foi levado a tomar esta decisão. No entanto, com alto sentido humanitário e profissional, ficou disponível para executar todos os transplantes urgentes (mas não os de lista de espera). O que veio a suceder no fim‐de‐semana passado com uma menina de 6 anos.

A partir desta data, ficou Portugal com programa de transplantes hepáticos suspenso! Tal como há 5 anos atrás, não há outro cirurgião em Portugal que efectue trabalho tão melindroso.

Os outros meninos ficam na contingência de ter de se deslocar ao estrangeiro. Há mais de três semanas, foi já pedida a autorização para uma criança sair do país para ser feito transplante hepático.

Há um mês foi assegurado à Hepaturix que estava em elaboração um Manual de Procedimentos elaborado pelos profissionais de saúde dos hospitais envolvidos e aprovado pelo Dr Emanuel, que garantisse as condições para que o programa retomasse a sua actividade.

Até ao momento não está concluído. Há 8 crianças em lista de espera! Em que a solução passará pelo envio para o estrangeiro!

Há crianças a sofrer, e temos a obrigação de corrigir tudo o que for necessário para que não sofram mais. A ida para o estrangeiro, o uso de idioma desconhecido, para a criança e na grande maioria dos pais também, a viagem, o ambiente estranho, as diferenças nas facilidades dos pais poderem acompanhar os filhos no pós‐transplante, etc., etc., são factores de ainda maior sofrimento.

Tanta preocupação com a redução de custo nos medicamentos, e tanto esbanjamento de recursos em todo este processo!

Alteração de medicamento pelo serviço do Farmácia do HP

Desde o dia 23 de janeiro de 2011, que os pais das crianças transplantadas, após a consulta de hepatologia se dirigem à farmácia com receita, onde é prescrito Prograf®. Mas o medicamento que lhe é cedido é Tacni®. Embora ambos os medicamentos tenham o mesmo princípio activo – o tacrolimus.

São medicamentos em que a margem entre a dose eficaz e a dose tóxica ‐ é muito estreita, o que faz com que o controlo do equilíbrio do doente seja muito complicado e exigente. Para alterar o equilíbrio é preciso muito pouco. Basta que o modo de preparação ou os excipientes sejam diferentes.

No folheto informativo do Prograf® está escrito (envio em anexo):

“Certifique‐se que recebe o mesmo medicamento de tacrolímus sempre que recebe a prescrição, a não ser que o especialista em transplantação tenha concordado em mudar o medicamento.”

Os pais constatam que a especialista discorda totalmente da alteração e teme pelas consequências que essa alteração causará na saúde das crianças.

Esta alteração sem o seu consentimento levou a Dra Isabel Gonçalves, única hepatologista pediátrica com formação e experiência no acompanhamento das crianças no pós‐transplante, a pedir a demissão do Hospital Pediátrico, embora ainda se encontre em funções.

A decisão de introdução do Tacni® foi unilateral e coube exclusivamente ao diretor dos serviços farmacêuticos e à administração do CHC. Foi feita à revelia da pediatra especialista em transplantação.

O RCM (Resumo de Características do Medicamento) do Prograf® refere ainda “Foram observados erros de medicação incluindo a troca … não vigiada das formulações … de tacrolímus. Isto levou a acontecimentos adversos graves, incluindo a rejeição do órgão…” e ainda “os doentes devem ser mantidos com uma única formulação de tracolímus”.

Verificámos ainda que Tacni® e Prograf® têm formulações diferentes.

Em Espanha há uma lista dos medicamentos que com o mesmo princípio activo não podem ser substituídos sem autorização expressa do médico prescritor. Entre eles está expresso o tacrolímus. Quem o fizer comete crime.

Algumas das crianças que já iniciaram a toma de Tacni, apresentaram os parâmetros bioquímicos alterados revelando alteração da função hepática. Foi também observada hipertensão.

É de salientar que:

 Nenhum outro hospital em Portugal está a utilizar Tacni®.

 Nenhum centro europeu de referência introduziu ainda o Tacni®;

 Os estudos disponíveis referem‐se a indivíduos, adultos e saudáveis. Nunca foi testado em crianças, nem em transplantados

 Este medicamento tem uma margem terapêutica muito apertada.

 O único centro de transplantação hepática pediátrica em Portugal localiza‐se em Coimbra, pelo que este problema é de âmbito nacional. Os especialistas em transplantação, o diretor clínico do HP, o diretor clínico do CHC, o diretor dos serviços farmacêuticos do CHC, vários médicos, farmacêuticos e professores da faculdade

de farmácia, são unânimes em considerar que:

 Há um risco variável de rejeição de órgão,

 É uma violência sujeitar as crianças a testes mensais, com idas aos hospitais para colheitas de sangue e outros meios de controlo e muitas delas terão de fazer biopsias, que uma mudança de formulação torna imperativo.

 Estas famílias que têm um passado de sofrimento e um futuro de incerteza, perderão a sua tranquilidade sabendo que há risco (ainda que variável) de rejeição de órgão,

Se a razão que está na base desta mudança for a economia nos medicamentos, certamente que não houve a preocupação de contabilizar:

 o custo do controlo mais apertado, pelo menos inicialmente, em doseamentos e avaliação analítica

 o custo de eventual aumento de episódios de rejeição, altíssimo

 o custo de eventual aumento da necessidade de retransplantação, extremamente elevados

 o custo de eventual necessidade de utilização de doses mais altas para atingir os níveis terapêuticos, aspeto aliás já patente em alguns estudos publicados

Em resumo, a questão está longe de ser resolvida e as crianças não têm Prograf® disponível para continuar o seu tratamento. ESCLARECEMOS QUE SENDO ESTE MEDICAMENTO É DE CEDÊNCIA EXCLUSIVA NAS FARMÁCIAS HOSPITALARES, PELO QUE OS PAIS NÃO TÊM A POSSIBILIDADE DE O COMPRAR.

O único motivo que nos foi apresentado para a troca destes medicamentos foi o económico. Consideramos inadmissível que se coloque em causa a rejeição de um órgão por questões económicas. Eticamente esta escolha é absolutamente reprovável.

No ponto 2. do Artigo 24.º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (Tratado de Lisboa), relativamente aos Direitos das crianças lê‐se:

Todos os atos relativos às crianças, quer praticados por entidades públicas, quer por instituições privadas, terão primacialmente em conta o interesse superior da criança. O interesse superior das crianças, não está a ser acautelado, mas outros interesses.

terça-feira, 1 de março de 2011

Um amigo enviou-me esta mensagem.....

Junto 3 ficheiros retirados do site da agência espanhola do medicamento através dos quais se percebe como é a lei espanhola e quais os medicamentos que expressamente não podem ser substituídos sem autorização expressa do médico. Entre eles, o prograf, mas tantos outros e de classes tão díspares que ilustram, inquestionavelmente que os medicamentos, mesmo cumprindo os critérios de equivalência, podem não ser verdadeiramente iguais. Aliás, os critérios de equivalência de biodisponibilidade, que, estranhamente, digo eu, são muito difíceis de encontrar - deviam ser facilmente acessíveis no site do Infarmed, ou da agência europeia do medicamento... - admitem uma variação de 20% (!!!!!!!!) em relação ao medicamento de referência.
O link abaixo aponta para um artigo sobre bioequivalencia que, sendo antigo, creio manter-se perfeitamente actual.
http://www.salud.bioetica.org/genericos1.htm


Jornal Público - Artigo de Hoje com destaque na primeira página

Só o Centro Hospitalar de Coimbra optou por adoptar o genérico


Troca de medicamento por genérico põe em risco crianças com transplantes hepáticos
Por Graça Barbosa Ribeiro

O ex-coordenador do Programa Pediátrico de Transplantação Hepática considera a mudança "perigosa". Responsáveis do CHC não comentam. Corte nos custos estará na origem da troca

• Ordem dos Médicos investiga queixa de má prática clínica

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O ex-coordenador do Programa Pediátrico de Transplantação Hepática Emanuel Furtado considerou ontem "perigosa" e "de alto risco" a substituição do imunossupressor de marca (usado desde sempre em Portugal) por um medicamento genérico, na farmácia do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC). A decisão terá sido tomada sem o conhecimento dos clínicos que acompanham os doentes, primeiro, e contra o parecer daqueles, numa segunda fase.

Em causa, de acordo com o cirurgião Emanuel Furtado, está, em última análise, a possibilidade de rejeição mais frequente e mais grave do órgão por parte dos doentes. "Estamos a falar de medicamentos em que a margem terapêutica - entre a dose eficaz e a dose tóxica - é muito estreita, o que faz com que o controlo do equilíbrio do doente seja muito complicado e exigente", descreve. Para que aquele equilíbrio se desfaça, explica, é preciso muito pouco. "Basta que o modo de preparação ou os excipientes sejam diferentes", exemplifica.
É aquela condicionante que explica que seja desaconselhável a simples troca de medicamentos semelhantes do mesmo laboratório, mas com diferentes formulações; e que torna "especialmente perigosa a sua substituição por um genérico que, para além do mais, nunca foi, sequer, testado em crianças", avisa o médico. A situação é agravada, na sua perspectiva, pelo facto de os doentes que recebem o medicamento não estarem a ser sujeitos à monitorização apertada que a mudança exigiria.

Emanuel Furtado, responsável pelos mais de 200 transplantes pediátricos feitos em Portugal, abandonou os Hospitais da Universidade de Coimbra há cerca de mês e meio, em ruptura com a administração. Isto por, alegadamente, não estarem garantidas as condições necessárias à prossecução, com segurança e sucesso, do programa de transplantes pediátricos, no âmbito de um acordo entre os HUC e o Hospital Pediátrico (que pertence ao CHC). Desde então, apenas assegura as intervenções de emergência.

Ontem, em declarações ao PÚBLICO, o cirurgião - que ao pedir a exoneração do cargo deixou de coordenar o programa pediátrico de transplantação hepática - justificou a sua intervenção neste caso afirmando que, como médico, está ciente de que a sua "função é defender o melhor para os doentes e não equilibrar orçamentos". Sublinhou, no entanto, que "não é, sequer, evidente, que da troca pelo genérico resulte uma redução de custos, por terem de ser contabilizados os gastos com testes laboratoriais de controlo, a perda de produtividade dos pais devido às deslocações mais frequentes aos hospitais e, em última análise, o aumento da frequência e da gravidade da rejeição do órgão".

Margarida Castelão, dirigente da Associação Nacional das Crianças e Jovens Transplantados ou com Doenças Hepáticas (Hepaturix), não tem dúvidas de que esse foi o critério para a substituição do medicamento. "Perante mim e outra pessoa da direcção, o director clínico do CHC, Carlos Mendonça, assumiu que a troca resulta da necessidade de poupar 15 por cento, este ano, do montante gasto na aquisição de medicamentos", relatou.

Através do gabinete de imprensa, os administradores do Centro Hospitalar de Coimbra escusaram-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto, por considerarem que "o momento não é oportuno". Também não revelaram quantas crianças receberam, já o genérico, e quantas poderão vir a recebê-lo nos próximos dias. Apesar de todas as crianças terem feito a intervenção cirúrgica em Coimbra, cada uma delas levanta os medicamentos nos hospitais da sua área de residência. De entre todos esses, assegura Margarida Castelão, só o CHC optou por passar a fornecer o genérico.