domingo, 2 de setembro de 2012

O Cantinho da Família



A nossa família - por Inês
*(Incluindo as tartarugas, a aranha, as gatas, os passarinhos e as formiguinhas)

Na nossa história existem vários heróis e várias heroínas. Duas delas foram a Inês e a Patrícia que se habituaram a viver sem nós e a abdicar da nossa atenção que estava sempre direccionada para o irmão. Vocês as duas portaram-se muito bem, são realmente umas meninas corajosas e orgulhamo-nos muito da forma como venceram todas as adversidades. Um obrigado especial pelos vossos desenhos, que deram um ar muito mais simpático a este NOSSO livro. O outro herói e que grande herói, é o nosso Super- -Filhote!! Não há palavras que descrevam o que sentimos quando ri, brinca, salta, enfim, quando o vemos feliz no meio de nós! O seu sorriso é especial e é verdade que algo de mágico lhe envolve a silhueta! Quando o vemos no meio das brincadeiras com os outros miúdos, o mais fantástico é que o Vitinho é efectivamente uma criança que não se distingue das outras. Corre, joga futebol, grita, é traquina e ninguém consegue perceber pelo que passou. Este é o grande mérito da transplantação hepática, é que efectivamente, é uma solução!
É a“ultima ratio”, mas é uma solução! Percebe-se que em doenças como a atrésia das vias biliares (10) e em algumas doenças metabólicas (3) só se avance para o transplante quando a situação se começa a revelar insustentável. Todos os pais de

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crianças nestas circunstâncias vivem este drama e mesmo sabendo que muitas vezes os seus filhos têm uma qualidade de vida sofrível, preferem manter esse cenário. Por tudo isto é fundamental apostar cada vez mais na “Escola de Coimbra”, para que se atinjam taxas de sobrevida (11) perto dos 100% e assim dar-se cada vez mais confiança aos pais de que o TRH é efectivamente a solução! Existem guerras titânicas, guerras que nos envolvem, guerras que nos consomem e para as vencer, temos de acreditar! Acreditar na sorte, acreditar na nossa força, acreditar nos médicos, acreditar na fé que nos irá orientar, acreditar em suma! Como dizia a canção de Coimbra, o “meu menino é d’oiro” e este nosso menino, é do oiro mais fino que há! O seu sorriso aconchega-nos a alma e faz-nos acreditar que afinal Deus não se esqueceu dele. Deus deu-nos três filhos que são e serão sempre o melhor prémio que algum dia poderíamos ambicionar. São o nosso tesouro.
Por eles, iríamos até ao fim do universo.

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desenho por Alexandre

Voici, voilá Vitor Alexandrins
illuminé d’Ovar, famille Costa Martins
comptez jusqu’á 12, voilá! Voilá le prénom!
Terminez par Inês, Patrícia ‘en famions’
Ovar est habillé en millions de Martins!
Revoici, revoilá, Vitor Alexandrins
 
Daniel Schneider, Paris 09/12/2003

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Coração da Mãe – pela Inês

UMA HOMENAGEM ESPECIAL À LÍGIA

Ver-te em acção durante todo este tormento foi uma lição de vida para mim! Mesmo quando vacilavas, mesmo nas fases mais críticas em que tudo parecia perdido, percebi que sozinha vencerias o universo e que arrancarias a vida do nosso filho fosse a quem fosse e mo trarias até mim, para junto de nós! O teu amor era indestrutível e com amor venceste esta guerra. Quando éramos adolescentes lutei por ti com todas as minhas forças, porque sabia-te especial e desde que Cupido me atingiu, tudo parecia não ter significado se não fosse ao teu lado. Foi a minha persistência que me permitiu “ganhar-te” e hoje passados 25 anos percebo que sou o ser humano mais feliz do universo por partilhar esta vida contigo e por termos os filhos que temos. Sou um privilegiado por te amar e por ser amado.

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Carta a DEUS – 6

Olá Deus, Hoje deparei-me com este pequeno extracto das nossas conversas e dei-me conta de como Tu és tranquilo nas tuas respostas, sempre firme mas sereno. Gostava de ser mais assim! Ensinas-me? Sou teimosa, nervosa, ansiosa, tipo ramo verde no lado exterior da árvore, amparado pelo conjunto, mas sempre tiritando sob a brisa, mas não vergando com o vento. Ah! Hoje ainda não te disse, mas… Amo-te Deus por me dares a oportunidade de amar os meus!
Lígia

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O tempo passa depressa
Sento-me para fazê-lo parar
Mas o dito não para de passar

E há quem peça
Para o tempo passar mais depressa
Fico imóvel e nem nessa
O tempo passa, passa depressa

O teu cabelo é imune
Mantém-se ondeante
O tempo é impune
Mas o tempo passa, passa depressa
Na brancura do meu cabelo
Na sulca da ruga no canto do olho

E o tempo passa, passa, passa
Deixa uma linha nem sempre visível
Às vezes discreta
Outras sulcadas
Outras…sem linha

Lígia

 
ilustração por Inês

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FIM

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