Fez 5 anos no dia 26/07/2009 que o Vitinho foi
transplantado. Só agora resolvi concluir este livro que já tinha
iniciado em tempos, porque só agora consigo ter o
desprendimento emocional para o fazer. Não é fácil reviver tudo
o que passámos, não é fácil mostrar os nossos sentimentos, as
nossas lágrimas, enfim este nosso mundo!
A todos os que estão ou venham a estar numa situação
equivalente, envio uma mensagem de muita esperança. O
pensamento positivo é o nosso principal aliado e parafraseando
o poeta “vale sempre a pena se a alma não é pequena”! Por tudo
o que passámos digo que vale sempre a pena lutar por uma vida,
como o refere o título deste pequeno livro, é “lutar até viver”!
Lutar, lutar desenfreadamente, por vezes desesperadamente, mas
lutar! Nunca, mas mesmo nunca poderemos desistir, porque só
acreditando que podemos vencer, é que venceremos!
Tudo o que somos, tudo o que fomos e tudo o que
valemos, são o melhor de nós e que estamos sempre a transmitir
aos nossos filhos.
Muita vezes esquecemo-nos do mais importante! Estive
há pouco tempo na India e salta à vista que um qualquer dos
nossos pobres, daqueles pobres segundo os indicadores da União
Europeia, são imensamente ricos, se comparados com aqueles
miseráveis que vivem nas ruas de Nova Dehli, de Agra, de
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Jaipur, de Mumbai, etc. Tudo é relativo, tudo é chocante e só nos
apercebemos das futilidades que nos esmagam de stress no dia a
dia, quando somos brutalmente interceptados pela vida, num
qualquer corredor de um hospital.
Um dia li um depoimento de uma transplantada jovem,
que dizia mais ou menos isto, “olá, sou feliz, ainda bem que sou
transplantada porque nasci para uma nova vida”. Inicialmente
pensei que ela estava a referir-se ao facto de ter renascido no
“sentido figurado”, isto é, o novo fígado seria a sua segunda
oportunidade, daí o “seu renascimento”. Mas não, o que ela
pretendia dizer, é que só agora percebia que a sua vida era
preciosa e tudo tinha um novo significado! O que mudou foi a
sua forma de encarar o “dia a dia”, a sua vida!
A minha experiência é a de pai, não de um transplantado,
mas ainda assim, percebo que é verdade que tudo passa a ter um
valor diferente.
Quem passa por uma experiência como a nossa sabe qual
é o valor relativo das coisas. Se nos faltar o dinheiro, se nos
faltarem os bens materiais, temo-nos pelo menos a nós próprios,
temos os nossos sentimentos, os nossos amores, os nossos
tesouros, que são as nossas vidas e as vidas dos nossos filhos.
Unidos, podemos viver de muito pouco e então, se olharmos para
os pobres verdadeiramente pobres dos arredores de Mumbai, ou
daquelas aldeolas fora dos roteiros turisticos que descem o Nilo
entre Assuão e Luxor no Egipto, então percebemos, que o nosso
patamar mais baixo, é inalcançável para toda essa pobre gente.
Temos realmente de nos dar por muito felizes por termos nascido
em Portugal.
Por tudo isto digo e repito que qualquer buraco
orçamental é bem-vindo se a sua razão for a nossa saúde! As
nossas vidas não têm preço, logo temos de gastar para as salvar
tudo o que temos e tudo o que não temos! Tudo é correcto se o
dinheiro for bem gasto e se as gestões hospitalares forem
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competentes! Todas as localidades deveriam ter urgências, todas
deveriam ter serviços médicos condignos, até na mais recôndita
aldeia deveriam haver formas de acudir imediatamente às
populações. Uma vida não tem preço, então gaste-se o que se
gastar, é irrelevante! Ovar deveria ter uma urgência eficaz, mas
também Válega, Esmoriz, Arada, etc, etc. Se fosse primeiro
ministro fazia precisamente o inverso do que até aqui se tem
feito, abria urgências e hospitais por tudo o que é lado, pois a
vida humana é sagrada e ninguém, mesmo ninguém pode morrer
num centro de saúde, só porque fecharam as urgências do
hospital e guardaram o desfibrilhador num qualquer canto!
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
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