O livro não é extenso, mas é para
ler com vagar, e ir parando para pensar. Até porque eu sou uma pessoa com as
emoções à flor da pele, e não foram raras as vezes em que os olhos ficaram
“húmidos”, para não dizer copiosamente molhados, com uma ou outra passagem que
eu associei em pensamentos à doença terminal do meu pai.
O homem dos seguros, grande Vitor,
escreve a prosa descritiva com o pragmatismo e a racionalidade com que a vida
profissional nos molda, a filha Inês, um talento fenomenal, vai contribuindo
com os seus devaneios artísticos para retratar momentos e passagens do livro
com desenhos fabulosos, a filha Patrícia certamente vai ajudando com o amor, o
carinho e a paciência para o Vitinho que estão patentes na foto da contra-capa,
e a mãe, ai a mãe, que veia poética, solidamente assente no amor de quem trouxe
um ser pequenino e frágil ao mundo, ser esse que sem se dar conta lutou por
tanto tempo contra um fantasma que o queria assombrar, e venceu.
Cada Carta a Deus da Lígia era um
Kleenex que saia do pacote de lenços, e quando li a frase “Amo-te Deus por me
dares a oportunidade de amar os meus” as lágrimas explodiram copiosas, até
porque as vicissitudes da vida levam a que o amor que tenho que dar a parte
fundamental da minha própria família, as filhas, tenha que ser dado em doses homeopáticas
à distância, ou nos raros momentos, de grande intensidade, em que a família
está reunida.
A vossa não é certamente uma
experiência que se deseje a ninguém, até porque podia não ter corrido bem. Mas
as preces da Ligia acabaram mesmo por ser ouvidas, e vocês hoje, em conjunto,
formam uma união familiar indestrutível. Estão juntos, unidos por uma história
dura, mas bonita, de luta pela vida.
Bem hajam, família especial, por
partilhar a vossa intimidade e a vossa luta com o mundo.
Com carinho
|
Sem comentários:
Enviar um comentário