terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Melancolia

Hoje estou um pouco melancólico! Estou naqueles dias que me apetece estar à lareira, simplesmente a ler e de vez em quando, espreitar pela janela, para ver as folhas cairem, admirar a tristeza da paisagem e até, porque não, ouvir a eterna música do Yves Montand que tão bem nos passa essa mesma imagem.

Acaba um ano, começa outro e não me apetece mudar muita coisa, mas às vezes apetece-me mudar algo e depois fico… na mesma, porque sou avesso às mudanças! A quem não me conhece vou revelar uma minha mania, gosto muito de coisas usadas, velhas e verdadeiramente gastas. Gosto que as coisas cumpram o seu papel, isto é, não consigo desfazer-me de uma camisa se ela ainda não tiver atingido o limite do suportável, o mesmo se diga do carro, dos sapatos, da pasta, do computador, etc.

Quando me desfaço de um objecto, sinto que ele cumpriu a sua missão, até ao fim! Por isso essa despedida nunca me deixa feliz, porque a nova camisa, os novos sapatos, etc, vão ter de provar que merecem substituir os que se foram!

Curiosamente este ano está a terminar e parece-me que só vai a meio! Ainda não tinha chegado a hora de o deitar fora, mas vai ter de ser! O meu pedido para o novo ano, é que passe mais devagar, bastante mais devagar...

Deixo-vos aqui um bocadinho daquela canção, um poema de amor para variar!

(…)
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi
Et le vent du nord les emporte
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois, je n'ai pas oublié
La chanson que tu me chantais.
C'est une chanson qui nous ressemble
Toi, tu m'aimais et je t'aimais
Et nous vivions tous deux ensemble
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais
Mais la vie sépare ceux qui s'aiment
Tout doucement, sans faire de bruit
Et la mer efface sur le sable
Les pas des amants désunis. (…)

Jacques Prévert

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