domingo, 11 de outubro de 2015

Dia Europeu do Transplante de Orgãos e Tecidos

Ontem foi o Dia Europeu do Transplante de Orgãos e Tecidos.

Fica aqui uma homenagem com esta imagem multinacional de crianças transplantadas!


Nada melhor para o efeito que recordar também esta carta do Prof. Alfredo Mota e que tão bem se adequa ao momento!

De: Alfredo Mota
Data: 7 de Maio de 2010 10:52

Exmo. Senhor
Dr. Vítor Raimundo Martins

Escrevo-lhe este e-mail após ter lido o seu livro “Lutar até Viver”. Começo por me identificar: Alfredo Mota, Director do Serviço de Urologia e Transplantação Renal dos Hospitais de Universidade de Coimbra, cargo no qual sucedi ao Prof. Linhares Furtado, em 2003, que acompanhei desde o inicio do nosso programa de transplante renal em 1980, e com o qual colaborei nos primeiros transplantes hepáticos. Gostaria de lhe transmitir a minha mais profunda admiração pela batalha que a família Martins travou pelo seu filho o Vitinho, verdadeiro herói de toda esta saga e que tão bem retratada é neste seu livro. O vosso testemunho real e vivido com tanto amor e fé deve ser divulgado porque constitui uma verdadeira lição. A transplantação é uma actividade relativamente recente, o 1º transplante renal com sucesso foi realizado em 1954, em Boston, entre dois irmãos gémeos univitelinos que por serem imunologicamente idênticos não necessitou de imunossupressão, que de resto ainda não existia (o primeiro IMS, a azatioprina, só foi descoberto em 1959). Portanto, a transplantação tem pouco mais de 50 anos, o que em termos de medicina é muito pouco. O seu sucesso levou-a a ser considerada por um importante organismo americano como “…o terceiro momento mais fascinante da história da medicina depois da descoberta da penicilina por A. Fleming e da descoberta da vacina da poliomielite por Jonas Salk”. Foi igualmente apelidada como “Milagre médico do século XX”. Por estas razões e pela experiência porque passaram, o vosso testemunho é de grande importância porque nos traz a visão de pessoas fora da área da medicina que sentiram e viveram esta problemática. É dar a conhecer uma realidade que poucos conhecem. Por exemplo, se tivessem lido o seu livro, provavelmente os pais de um jovem de 15 anos falecido nos HUC, no mês passado, devido a acidente, não teriam violentamente recusado a colheita dos órgãos do seu filho para transplante, reagindo com acusações de comércio e outras inverdades, claramente indiciadoras de um completo desconhecimento do que é a transplantação e da sua importância para quem precisa. Diga-se que não estando o jovem inscrito no RENNDA a lei permitia-nos a colheita e a transplantação, mas naturalmente perante a recusa liminar dos pais, não o fizemos, correndo o risco de doente/s esperando por um transplante urgente morrer/em e sermos acusados pela/s família/s do/s falecido/s de não termos feito o transplante, havendo um dador compatível. Este triste episódio permite-nos apercebermo-nos da complexidade de algumas destas situações, do seu melindre e das difíceis condições em que por vezes é necessário decidir, porque estão vidas em jogo. Já agora conto-lhe que em 1986 quando se realizou o primeiro transplante cardíaco em Portugal o coração foi colhido em Coimbra nos HUC por uma equipa mista constituída por mim (rins) e pelo Prof. Queiroz e Melo (coração). Pois isso valeu-me ser chamado ao Ministério Público e ser interrogado perante uma queixa dos familiares do falecido por não terem sido consultados (a lei não o exigia). O caso não teve consequências mas não deixou de me incomodar. Um triste célebre Prof. de Medicina Legal do Porto dizia, nessa altura, que estavam a ser colhidos órgãos em pessoas vivas!! É por estas razões e por muitas mais que o vosso testemunho é importante e deve ser divulgado.
Dr. Vítor Martins, atrevo-me a dizer-lhe que a sua luta pela transplantação não pode terminar, porque ligada à sua actividade profissional, há que resolver a questão do seguro de vida dos dadores vivos de órgãos, nomeadamente de rim (o de fígado é mais complexo e por é isso excepcional, até porque só temos um fígado). Nos HUC já fizemos cerca de 80 transplantes renais de dador vivo, felizmente até hoje sem qualquer complicação grave, e sempre sem seguro de vida do dador, porque em Portugal ninguém faz este seguro ao dador! Nos Estados Unidos mais de 90% das seguradoras faz seguro de vida ao dador de rim, porque está provado que o risco que uma pessoa corre ao doar um rim em vida é semelhante a quem tem de conduzir 20 km/dia para ir para o emprego – risco de morte de cerca de 0,03%. Tenho a certeza que vai ser um militante desta causa.
No próximo dia 14 de Maio pela 9,30 horas o Serviço de Urologia e Transplantação Renal dos HUC, que é líder no nosso país dos transplantes renais, vai comemorar os seus 2000 transplantes renais (incluindo pediátricos), no auditório dos HUC. É com muito gosto que aproveito esta oportunidade para o convidar e aos seus familiares a estarem presentes, para o que junto o programa.
Congratulo-me vivamente com o sucesso do transplante hepático do Vitinho e com o sentimento de gratidão para com os profissionais de saúde que com tanto carinho manifesta, por ser tão raro nos dias que correm em que a máxima da maioria dos doentes do nosso SNS é “Eu desconto, tenho direito” e subjacente está “e você está aqui para me servir”. Regozijo-me por mais este êxito do meu amigo Emanuel, do Carlos Bento que é o anestesista do meu Serviço e de toda a equipa envolvida.
Longa e feliz vida para o Vitinho, que com grande probabilidade dentro de alguns anos, adquirida a tolerância ao enxerto, dispensará os medicamentos imunossupressores e deixará de ser um doente crónico. Para os pais e irmãs, alicerces fortes dessa família, muita saúde e e muitas felicidades.  Os valores, as convicções e a fé são um património dos felizes por isso julgo que a sua Ligia é uma pessoa feliz, como o demonstraram as lágrimas que verteu na peregrinação a Fátima. Obviamente que o marido que tem uma mulher assim também o é de certeza.
Envio à família Martins o testemunho comovido da minha admiração
Alfredo Mota



A Lígia neste momento está a passar a Figueira da Foz na sua terceira peregrinação a Fátima!

E recordo aqui outra história que aconteceu com o Alex na primeira vez que foi a Fátima após transplante. Quando passávamos por um pinhal, longe das habitações o Alex perguntou-nos, "Pai, quem é aquela Senhora vestida de branco no meio da floresta?" Olhámos e nada vimos! Ficámos confusos e insistimos e ele apontou para o pinhal e disse '- ali'  e nós... continuámos a não ver nada!!
Já em Fátima passou por nós a Freira que ia substituir a que estava na Capela do Silêncio e o Alex puxou-me para que eu a visse bem e disse, "vês Pai, é esta a Senhora vestida de Branco!" ......


sábado, 10 de outubro de 2015

Turquia - a propósito do atentado de Ancara


Este ano tivemos a felicidade de passar férias na Turquia.












Andámos no meio do povo, percorremos quarteirões, fizemos algumas incursões por zonas menos conhecidas de Istambul, outras a horas menos próprias e em todos os cantos, todos os momentos, deparámos com um povo pacifico, simpático e que nos fez sentir em casa.

Andámos no Metro a abarrotar de gente, visitámos a Mesquita Azul depois de vencermos uma fila monstruosa, comemos milho cozido confundidos no meio da multidão, entrámos em cafés (incluindo o lado Asiático) que nem sequer eram frequentados por turistas, enfim, fizemos o mesmo que faríamos se estivéssemos no Porto ou em Lisboa.

Quando lá estávamos, ouvimos uma notícia de que um individuo por causa de uma disputa entre vizinhos, matou um militar da GNR, um agente da PSP e mais um jovem.....

Não foi por causa deste incidente que Portugal passou a ser menos seguro aos olhos do mundo!

Acreditem que quem vai à Turquia e eu fui lá dois anos seguidos (no ano passado incluiu a Capadócia e Antalya), encontra um país calmo e acolhedor!

Quem lá vive não dá por nada, mas o atentado de hoje, foi diferente, foi assustador, foi mesmo para fazer mal!!

Mas ... visitem a Turquia, pois vale a pena e mais uma vez digo, é como estar em Paris, ou em Londres e é notável a forma como eles tratam os animais! Em qualquer canto tem uma casota, um bebedouro, uma tigela com ração!!


Não é uma gata prenhe.... é mesmo um gato gordo!!!!


Não ao terrorismo!!



Seguros e Transplantados ...

Olá a todos,

Dada a minha actividade profissional, perguntam-me com frequência se é possível contratar seguros de saúde para crianças ou jovens transplantados?

Recentemente tive conhecimento de um seguro para o Alex, que abrange apenas situações graves, que possam porventura implicar a saída do país para se conseguir o tratamento desejado. Um dos pressupostos de subscrição é o transplante ter sido feito há mais de 10 anos.

Estamos a falar do recurso a clinicas de excelência e da utilização de um capital 'astronómico' que permite suportar um transplante, folgadamente.

Ora bem, todos os que estão próximos de pessoas transplantadas sabem o quando é difícil abordar este assunto, equacionar cenários de desgraça em que temos de falar de todo o tipo de doenças, desde oncológicas a outras, incluindo retransplantes!

Os nossos filhos dependem de Coimbra e dos profissionais de Coimbra em quem confiamos plenamente, mas ... não estamos livres de amanhã voltarmos a ter problemas!! Ou porque mudam os governos, ou porque mudam as políticas, enfim, os cenários podem mudar e o que hoje é uma realidade "pacifica", amanhã pode não o ser!

Quem quiser informações detalhadas contacte-me para o meu mail particular que darei todos os esclarecimentos que necessitar.


O seguro em causa necessita de ser bem explicado, tem informação que obrigatoriamente tem de ser lida e pode ser subscrito isoladamente. Qualquer pessoa "maior"pode subscrevê-lo, para si ou para o menor, ou para os dois, mas como já referi poderei explicar tudo através do mail já citado.